quarta-feira, 18 de março de 2015

Siraj Sikder: Circular sobre organização militar (fevereiro de 1974)



Organizar a Força Armada Patriótica de Bengala Leste em organização militar.

1)      Organizar guerrilhas em Grupos Guerrilheiros. Cada Grupo Guerrilheiro contém três ou quatro, ou sete ou até nove membros.
Que incluem:
Comandante                   1
Assistente do Comandante            1

2)      Um Pelotão pode ser formado incluindo três grupos Guerrilheiros. O Pelotão deverá ter uma Equipe de Comando
Comissário Político               1
Comandante                          1
Assistente do Comandante      1
Mensageiro                           3

3) Uma companhia pode ser formada incluindo três Pelotões e um Grupo Médico. A Equipe de Comando da Companhia é a seguinte:

Comissário Político da Companhia           1
Comandante da Companhia                      1
Assistente do Comandante da Companhia 1
Mensageiro                          4
Desenvolver Companhia de Ramificação do Partido.
Secretário              1
Secretário Assistente  1
O restante são membros.
O Comissário da Companhia pode ser o Secretário do Comitê do Partido.

4)      Um Pelotão/Companhia podem ser compostos por mais de três unidades.

5)      Treinar e armar Grupos Guerrilheiros, Pelotões e Companhias. Dividi-los em desenvolvidos, moderados, e atrasados.

6)      Completar o trabalho acima mencionado antes do início da estação chuvosa.

Comandantes Supremos

Força Armada Patriótica de Bengala Leste

Siraj Sikder: alguns pontos sobre armas de fogo (fevereiro de 1974)



Recentemente um bom camarada acidentalmente perdeu sua vida por causa do descuido para com as armas de fogo.

Por isso se tornou essencial criar regras sobre as armas.
Estas são as seguintes:

1) Não mirar nenhuma arma de fogo para qualquer camada/guerrilheiro/pessoa; não apertar o gatilho
2) Tomar cuidado quando entregar as armas, para que o cano não aponte para nenhum camarada/guerrilheiro/pessoa
3) Não manter munição na câmara exceto durante a batalha
4) Após a batalha, limpar a câmara
5) Manter seguramente a cápsula para baixo, exceto durante a batalha
6) Quando fizer prática com baioneta ou até mesmo quando fizer exercício de combate checar se a câmara está vazia ou não, tirar o pente
7) Manter os materiais em uma distância/lugar seguros, caso haja explosão
8) Não detonar uma bala sequer desnecessariamente
9) Manter suas armas limpas regularmente
10) Salvar armas mesmo que seja através do sacrifício da vida
O comandante irá checar apropriadamente se os guerrilheiros estarão ou não respeitando estas regras.
Cada um e todo guerrilheiro e comandante devem dominar os pontos deste circular

Comandantes Supremos

Força Armada Patriótica de Bengala Leste

domingo, 14 de dezembro de 2014

AGIT-PROP: Como um agitador fala ao povo

O SEGUINTE TEXTO FOI PUBLICADO NUM SUPLEMENTO DO ANTIGO JONAL DO PCB "A CLASSE OPERÁRIA". O SUPLEMENTO CHAMAVA-SE "AGIT-PROP" QUE ERA EXCLUSIVAMENTE VOLTADO PARA A INSTRUÇÃO NA PROPAGANDA E AGITAÇÃO DA LINHA REVOLUCIONÁRIA E POPULAR DO ANTIGO PCB.

Se a palavra falada é a “principal arma do agitador” (AGIT PROP, maio de 1952), como manejar esta arma no trabalho de agitação?
Eis uma questão de grande interesse para os comunistas. As palestras que os agitadores realizam entre os companheiros de trabalho na empresa, ou entre os vizinhos do bairro, são um poderoso meio de agitação. Estas palestras devem ser simples, cheias de naturalidade

PALESTRAR COM FAMILIARIDADE

Que quer dizer naturalidade? Muitas vezes os agitadores vão conversar com a massa e já levam a intenção de parecer cordiais, familiares. Mas, por isso mesmo, essa intenção calculada tira toda a naturalidade de sua palestra.
Vamos supor, no entanto, que o agitador começa a conversar com um grupo de operários sobre qualquer assunto da vida diária – um jogo de futebol por exemplo. Partido desse assunto, não é difícil falar no preço elevado das entradas para os jogos. E daí se pode chegar a tratar da carestia da vida, dos baixos salários, da responsabilidade do governo e da necessidade de lutar contra essa situação. É claro que nesta palestra não há nada de forçado.

DA DISCUSSÃO NASCE A LUZ

Além destas palestras espontâneas, onde o assunto surge como que naturalmente, deve haver palestras organizadas, onde o agitador vai tratar de um assunto determinado. Tanto em um como em outro tipo de palestras, o agitador deve portar-se com naturalidade e não como um professor.
A naturalidade não significa que a palestra não deva ser orientada. É preciso orientá-la no sentido de convencer os ouvintes da justeza das palavras de ordem do Partido. Mas isto não deve ser feito de maneira forçada. Se uma pessoa, por exemplo, está se desviando do assunto que interessa, o agitador pode, com uma simples pergunta habilmente feita, chamar novamente a atenção de todos para o tema da palestra.
É necessário provocar uma troca de opiniões, uma discussão animada, com perguntas e respostas, tanto entre o agitador e alguns ouvintes como entre os ouvintes, de um para outros. “Da discussão nasce a luz” – diz a sabedoria popular. Travado o debate, o agitador dará sua opinião com apoio em fatos de argumentos concretos, de moto que entre os presentes não fiquem dúvidas sobre o caminho a tomar.

A MODÉSTIA DO AGITADOR

O agitador deve evitar apresentar-se como um pessoa dotada de mais conhecimentos ou de mais inteligência  do que  a massa que o rodeia. Isto quer dizer: deve ser modesto.
Se a massa observa o menor sinal do vaidade ou de presunção no agitado não terá confiança nele nem o respeitará. É preciso não tratar as pessoas com superioridade, mesmo as pessoas mais atrasadas. Pelo contrario, é necessário encorajá-las e valorizar seus conhecimentos, por menores que sejam.
Kalinin, grande mestre da agitação bolchevique, quando pronunciava suas palestras não parecia “ensinar” aos ouvintes; dava mais a impressão de que pedia a opinião deles. Falando aos agitadores, Kalinin dizia que se uma pessoa não sabe responder uma pergunta, acanha-se e confessa sua ignorância, pode-se animá-la: “-por que finges? Será que em vez de cabeça tens um melão? Sei que entenderá tudo tão bem quanto eu, mas estás te fazendo de tolo”. E assim, amigavelmente, devemos ajudá-la a compreender a questão.

FALAR A VERDADE

A palavra do agitador deve ser verdadeira, sincera, franca. E com a verdade que convencemos a massa. Mostremos ao povo a realidade: a situação de miséria, opressão e ameaça de guerra em que vive o Brasil e apontemos o caminho da luta para sair desta situação. Só a propaganda reacionária precisa falsificar a realidade para enganar o povo.
Não se trata, portanto de pintar quadros cor de rosa, como também não se trata de ser pessimista. O agitador deve revelar as privações e dificuldades que o povo atravessa; mas não pode deixar de explicar ao povo sua grande força, de explicar  ao povo que sua vitória através da luta está próxima e é inevitável.

EVITAR FRASES FEITAS

O mais difícil para o agitador é aprender a falar como deve. A primeira vista, isto parece ser muito fácil, mas é preciso algum esforço para consegui-lo.
Como deve expressar o agitador? 1-Precisa transmitir seus pensamentos de forma viva e interessante, para que eles impressionem os ouvintes; 2-Além disso, deve expor suas idéias em poucas palavras, pois dispõe de pouco tempo; 3-E, finalmente, as idéias têm que ser claras e compreensíveis para todos e para cada um dos ouvintes.
O principal é evitar as frases feitas, os chavões decorados. O orador que não fala com suas próprias palavras que recorre a frases aprendidas de memória não emociona nem convence ninguém. É o caso do agitador de um curtume no Rio que, no início da agressão americana à Coréia, dirigiu-se aos operários de sua empresa nos seguintes termos: “Neste momento, que ora se inicia mais uma criminosa investida política totalitária e criminosa, de violação de soberania dos povos e de desencadeamento de uma guerra mundial, os chacais imperialistas nazi-ianques contam com o apoio servil das classes dominantes de nosso país para uma guerra de rapina contra o humilde povo da Coréia”... A essa altura, já os operários não queriam mais ouvir.

LINGUAGEM VIVA E CLARA

O agitador deve falar com suas próprias palavras, empregando uma linguagem viva, simples e clara. Para explicar melhor seus pensamentos deve recorrer a exemplos, imagens, comparações e ditos populares.
Nas obras do camarada Stalin encontram-se numerosos modelos de agitação bolchevique. O 1º volume das “Obras” de Stalin, há pouco editado no Brasil, contém várias proclamações que são verdadeiras obras primas da agitação. Tomemos como exemplo alguns trechos do manifesto: “Operários do Cáucaso, chegou a hora de nos vingarmos!”

“Estais ouvindo, camaradas? – escreve Stalin – Pedem nos que esqueçamos o estalar do chicote e o zunido das balas, as centenas de heróicos companheiros assassinados, suas sombras gloriosas que rondam em volta de nós e que nos murmuram: - Vingai-nos! A autocracia nos estende cinicamente a mão ensangüentada e aconselha a conciliação! Publicou um certo “decreto soberano” em que nos promete uma certa “liberdade”... Velhos bandidos! Pensam alimentar com palavras milhões e milhões de proletários russos famintos! Esperam contentar com palavras os milhões e milhões de camponeses reduzidos à miséria e à exaustão! Querem enxugar com palavras o pranto das famílias órfãs, das vítimas da guerra! Miseráveis! Estão se afogando e querem agarrar-se a uma palha!... Por outro lado, as massas populares indignadas preparam-se para a revolução e não para a reconciliação com o tzar. Elas se aferram obstinadamente ao provérbio “Só a cova endireita o corcunda”. Sim, senhores, são vãos vossos esforços! A revolução russa é inevitável. Tão inevitável como o nascer do sol! Podeis deter o sol nascente?... Portanto, avante, camaradas! Quanto a autocracia tzarista vacila, nosso dever é preparmo-nos para a o ataque decisivo! Chegou a hora de nos vingarmos!”
Como Stalin sabe falar à massa! É esta linguagem simples, clara e combativa que deve servir de exemplo aos nossos agitadores.

(AGIT-PROP, AGOSTO DE 1952).


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Mao Tsé-tung: Vinte manifestações da burocracia

fevereiro de 1970;

1.     No nível mais alto há muito pouco conhecimento; eles não entendem a opinião das massas; eles não investigam e nem estudam; eles não compreendem políticas específicas; eles não conduzem o trabalho político e ideológico; eles estão divorciados da realidade, das massas, e da liderança do partido; eles sempre dão ordens, e suas ordens geralmente estão erradas, eles certamente enganam o país e o povo; finalmente, eles obstruem a forte adesão às linhas políticas do partido; e eles não podem se reunir com as pessoas.
2.     Eles são vaidosos, complacentes e eles discutem políticas sem rumo. Eles não compreendem seu trabalho, eles são subjetivos e unilaterais; eles são descuidados; eles não ouvem o povo; eles são truculentos e arbitrários; eles forçam as ordens; eles não cuidam da realidade; eles mantêm um controle cego. Isto é a burocracia autoritária.
3.     Eles estão muito ocupados desde manhã até de tarde, não investigam os assuntos; eles não estudam política; eles não confiam nas massas; eles não preparam seus estatutos; eles não planejam seus trabalhos. Isto é insensatez, burocracia mal dirigida. Em outras palavras, isto é mecanicismo.
4.     Suas atitudes burocráticas são imensas; eles não conseguem tomar qualquer direção; eles são egoístas; eles batem gongos para abrir o caminho; eles levam as pessoas a ficar com medo só de olhar para eles; eles repetidamente cometem todo o tipo de abuso ao povo; seu estilo de trabalho é cruel; eles não tratam as pessoas por igual. Esta é a burocracia dos senhores feudais.
5.     Eles são ignorantes; eles ficam envergonhados quando perguntam algo; eles exageram e eles mentem; eles são muito falsos; eles atribuem os erros ao povo; eles atribuem os méritos a eles mesmos, eles logram o governo central; eles enganam os que estão em cima deles e os que estão em baixo deles; eles encobrem as falhas e os erros. Esta é a burocracia desonesta.
6.      Eles não entendem a política; eles não fazem o seu trabalho; eles empurram as coisas para os outros; eles não assumem as suas responsabilidades; eles pechincham; eles colocaram as coisas; eles são insensíveis; eles perdem o seu estado de alerta. Esta é a burocracia irresponsável.
7.     Eles são negligentes sobre as coisas; subsistem da melhor forma possível; eles não têm nada a ver com as pessoas; eles sempre cometem erros; eles oferecem-se respeitosamente para aqueles acima deles e estão ociosos para com aqueles abaixo deles; eles têm o cuidado em todos os aspectos; eles são de oito lados e escorregadios como enguias. Esta é a burocracia dos que trabalham como funcionários e fazem mal para a vida.
8.     Eles não aprendem completamente a política; eles não avançam no seu trabalho; sua maneira de falar é de mau gosto; eles não têm nenhum sentido em sua liderança; negligenciam os deveres de seu ofício enquanto recebem o pagamento; eles fazem as coisas para o bem das aparências. Os ociosos [por exemplo, os proprietários] não começam quaisquer assuntos, mas principalmente concentram-se em sua ociosidade; aqueles que trabalham duro são virtuosos, e não agem como os funcionários são tratados mal. Este é o enganador, burocracia sem talento.
9.     Eles são estúpidos; eles estão confusos; eles não têm uma mente própria; eles são sensualists podres; eles saciam-se durante dias a fio; eles não são diligentes em tudo, eles são inconstantes e eles são ignorantes. Esta é a estúpida, burocracia inútil.
9.
10. Eles querem os outros para ler documentos; os outros lêem e eles dormem; eles criticam sem olhar para as coisas; eles criticam erros e culpam as pessoas; eles não têm nada a ver com erros; eles não discutem coisas; eles empurram as coisas de lado e ignoram; eles são sim homens para aqueles acima deles; eles fingem entender os que estão abaixo deles, quando não o fazem; eles gesticulam; e eles abrigam desentendimentos com aqueles em seu mesmo nível. Esta é a burocracia preguiçosa.
11. Os escritórios do governo crescem mais e mais; as coisas ficam mais confusas; há mais pessoas do que postos de trabalho; eles andam em círculos; eles discutem e brigam; as pessoas estão pouco dispostas a fazer coisas extras; eles não cumprem as suas funções específicas. Esta é a burocracia das repartições públicas.
12. Os documentos são numerosos; há burocracia; as instruções proliferam; há inúmeros relatos não lidos que não são criticados; muitas tabelas e horários são elaboradas e não são utilizados; numerosas reunião são realizadas e nada é passado; e há muitas associações próximas, mas nada é aprendido. Esta é a burocracia da burocracia e formalismo.
13. Eles buscam prazer e temem dificuldades; eles se envolvem em negócios obscuros; uma pessoa torna-se um funcionário público e os familiares inteiros se beneficiam; uma pessoa atinge o nirvana e todos os seus colaboradores mais próximos vão até o céu; há festas e presentes são dados... Esta é a burocracia para os excepcionais.
14. Quanto maior o funcionário se torna, pior fica o seu temperamento; suas exigências para apoiar a si mesmo tornam-se mais e mais; sua casa e seus móveis se tornam mais e mais luxuosos; e seu acesso as coisas tornam-se cada vez melhores. A camarada superior recebe a fatia maior, enquanto a menor fica com preços elevados; há extravagância e desperdício; a parte superior e inferior e à esquerda e à direita levantam as mãos. Esta é a burocracia que coloca um “ar de oficial”.
15. Eles são egoístas; satisfazem fins privados, por meio públicos; há peculato e especulação; quanto mais eles devoram, mais eles querem; e eles nunca recuam ou cedem. Esta é a burocracia egoísta.
16. Eles lutam entre si por poder e dinheiro; eles estendem as mãos para o Partido; eles querem fama e fortuna; eles querem cargos e, se eles não obtêm, eles não ficam satisfeitos; eles escolhem ser gordos ou ser magros; eles recebem uma grande atenção aos seus salários; eles são confortáveis quando se trata de seus companheiros, mas eles não se importam nada com as massas. Esta é a burocracia que está lutando por poder e dinheiro.
17. Uma liderança plural não pode ser harmoniosamente unida; eles se exortam em muitas direções, e seu trabalho está em um estado de caos; eles tentam multidão uns aos outros; o topo é divorciado do chão e não há centralização, nem há qualquer democracia. Esta é a burocracia do desunidos.
18. Não há nenhuma organização; eles empregam amigos pessoais; eles se envolvem em partidarismo; mantêm relações feudais; eles formam panelinhas para promover seu próprio interesse privado; eles protegem uns aos outros, o indivíduo está acima de tudo o mais; esses funcionários mesquinhos prejudicam as massas. Esta é a burocracia sectária.
19. Sua vontade revolucionária é fraca; sua política degenerou e mudou seu caráter; eles agem como se eles fossem altamente qualificados; eles colocam ares oficiais; eles não exercitam suas mentes ou suas mãos. Eles comem todo dia até se fartarem; eles facilmente evitam o trabalho duro; eles chamam um médico quando não estão doentes; eles vão a excursões para as montanhas e à beira-mar; eles fazem as coisas superficialmente; eles se preocupam com seus interesses individuais, mas não se preocupam com o interesse nacional. Esta é a burocracia degenerada.
20. Eles promovem tendências errôneas e um espírito de reação; eles são coniventes com as pessoas ruins e toleram situações ruins; eles se envolvem em vilania e transgredir a lei; eles se envolvem em especulações; eles são uma ameaça para o Partido e para o Estado; eles suprimem a democracia; eles brigam e se vingam, eles violam leis e regulamentos; eles protegem o mal; eles não fazem distinção entre o inimigo e nós. Esta é a burocracia das tendências errôneas e da reação.


domingo, 19 de outubro de 2014

Delegação canadense em visita a Kampuchea

DELEGAÇÃO CANADENSE EM VISITA A KAMPUCHEA

Publicado no: The Call, Vol. 8, No. 23, 22 de Janeiro de 1979.


Entre os últimos estrangeiros a visitarem a Kampuchea e conversar com o Primeiro Ministro Pol Pot antes da recente invasão soviético-vietnamita estava a delegação da Liga Comunista Canadense (M-L). A delegação canadense, liderada pelo Presidente da LCC, presidente Roger Rashi, chegou a Phnom Penh em 23 de dezembro e deixou o país em 30 de dezembro. Rashi concedeu a seguinte entrevista para The Call em seu retorno.
* * *
The Call: Vocês estiveram na Kampuchea quando a invasão vietnamita começou. O que estava acontecendo naquele país? 

Rashi: A agressão vietnamita começou em 25 de dezembro, particularmente na parte nordeste do país. O exército kampucheano estava pronto para resistir o primeiro ataque. Alguns dias depois nós deixamos a Kampuchea, o golpe principal atingiu o sudeste.

Nós viajamos pelas áreas que a “frente fantoche” descreveu como bases fortes, particularmente no sudeste. Não vimos absolutamente nenhum sinal de qualquer insurgência, nem sinais de qualquer revolta, em vez disso, vimos a unidade do povo em torno do governo. Então definitivamente nós dizemos que isto foi puramente uma agressão vietnamita, sem qualquer tipo de insurgência interna.

O quão preparados estavam os kampucheanos para a invasão?

A partir das nossas conversas com o Primeiro Ministro Pol Pot e o Primeiro Ministro Deputado Ieng Sary, parece muito claro que o povo estava preparado e expectativo pelo ataque faz tempo.

Pol Pot nos disse claramente que a estratégia e as táticas do povo kampucheano era basicamente da guerra popular.

Foi isto que Pol Pot nos disse: “Estrategicamente os vietnamitas não podem tomar a Kampuchea. A liderança do Partido, povo unido e o exército foram forjados através de muitos anos de luta contra os EUA. Taticamente, entretanto nós precisamos ser bem vigilantes. O inimigo pode penetrar, especialmente sob cobertura de um forte poder aéreo, artilharia e forças de tanques.”

“Mas quando a guerra for levada a cabo, o Vietnã encontrará muitos problemas”.
 “Quando as batalhas tomarem lugar em nosso território, eles terão muitos planos de ataque, porém o fator determinante é ter uma porção de forças de infantaria. Eles não terão nem o povo e nem a comida. Eles deverão trazer tudo para suprir suas tropas.

“Nós começamos em uma guerra prolongada. Baseados nisso, estamos confiantes no sucesso. Os EUA nos atacaram furiosamente. Lon Nol teve dezenas de milhares de soldados contra nós. O exército de Thieu-Ky nos invadiu. E continuaremos a vencer.

“Então qualquer que sejam as dificuldades temporárias que os vietnamitas nos causarem, nós sabemos que venceremos sobre eles.”

Pol Pot adicionou uma grande importância para o uso pesado da força aérea nesta ofensiva. Ele disse que no último ano a ofensiva vietnamita foi essencialmente feita com tanques e infantaria. Mas nesse ano, ele predisse que poderia haver uso pesado da força aérea.

Pol Pot disse claramente que o uso extensivo da força aérea é o fato da maioria dos aviões estavam sendo pilotados por pilotos russos. Ele disse que as forças armadas kampucheanas estavam prontas para monitorar a comunicação entre os caças e as bases solo que estavam com os russos.

Secundariamente, ele disse que muitos dos tanquistas eram russos que pertenceram às tropas do Pacto de Varsóvia. Ele disse também especificamente que junto com logística enviada, estava uma porção de experts militares na área militar da Alemanha Oriental e outras tropas do Pacto de Varsóvia.

Por causa do uso pesado da força aérea, Pol Pot se deu conta da possibilidade de terem certas perdas nos primeiro estágios da guerra e ele disse muito claramente que as forças kampucheanas não se engajariam num combate frontal com os vietnamitas.

A tática essencial era conceder caminhos e as cidades que estivessem de algum modo vazias, fazendo os vietnamitas estender sua linha o mais forte possível no território kampucheano; enquanto atacam a partir das zonas rurais. Ele poderiam basicamente atacar o flanco e a retaguarda da coluna inimiga com o objetivo de cortá-los em grupos menores, enquanto eles puderem ser aniquilados facilmente pelas forças armadas kampucheanas.

Então a impressão que nós tivemos é que eles estavam perfeitamente preparados em temos de estratégia política e militar para o ataque vietnamita.

A partir do que você disse, qual era a moral do povo kampucheano face à agressão vietnamita?

A partir da nossa viagem por todo o país pudemos medir a moral como sendo bastante elevada. Os muitos poucos comandantes e soldados com quem conversamos para fazer comparações entre a presente situação e a situação durante a guerra libertação nacional de 1970-1975.

Eles disseram, se nós estávamos prontos para suportar os bombardeios pelos EUA ao mesmo tempo em que permaneciam vitoriosos, não haveria problemas se pudéssemos vencer essa guerra presente com o Vietnã.

A segunda coisa era que o exército permanece organizado na base do exército popular. Eles têm o que eles chamam de tropas regulares, tropas regionais, e unidades guerrilheiras. A base do exército sempre será de unidades de guerrilha, enquanto estiverem ligados a cada cooperativa.

Vimos uma coisa no sudeste. Estávamos a cinco quilômetros da linha de batalha. Lá, uma brigada móvel que é basicamente um grupo de camponeses que é enviado para trabalhar em vários campos estava trabalhando justamente sob a arma inimiga.

Enquanto perguntávamos como poderiam os camponeses trabalhar nessas condições, eles disseram, “depois de dez anos de experiência com a guerra e com o grande desenvolvimento da consciência política devido ao trabalho do nosso Partido, nossos camponeses entenderam muito bem que a luta não é somente apontando uma arma e apertando um gatilho. É também estar pronto para manter a produção para o último momento face ao inimigo e colher tanto arroz quanto for possível.”

Eles disseram, “Todas estas pessoas que você vê trabalhando agora nos campos podem ser convertidas imediatamente em uma força de combate.”

Como você poderia comparar as notícias impressas na imprensa canadense e ocidental sobre a invasão que como você disse está acontecendo enquanto vocês estiveram lá?

A principal coisa que parece ser distorcida pela imprensa ocidental é a subestimação da capacidade do povo kampucheano em sua habilidade de conduzir a guerra popular.

Em outras palavras, baseados no fato de que os agressores vietnamitas tomaram a estrada principal para as cidades que estão totalmente vazias, a imprensa ocidental pulou para a conclusão que o regime do “Khmer Rouge” entrou em colapso.

Eu penso numa cuidadosa análise da situação baseada no conhecimento que obtivemos através das nossas viagens pelo país e o nosso debate com Pol Pot, podemos apontar o oposto.

Tivemos a impressão de que a evacuação das cidades e o desenvolvimento das unidades guerrilheiras no país eram parte de um plano que foi desenvolvido nos três transcorridos anos como resposta a qualquer invasão de larga escala no país.
O fato é que o país estava organizado em cooperativas que eram autônomas e auto-suficientes, eram partes de um plano para prevenir a economia de ser interrompida em algum tipo de ofensiva em larga escala. O que pudemos permitir como parte do país pronto para funcionar quase autonomamente, e com isto prover comida e nutrição necessárias para algumas unidades de guerrilhas baseadas localmente.


Então eu penso que todos Esteves fatores, ambos econômicos e políticos, são realmente importantes para poder entender se uma guerra de guerrilha pode ser travada ou não na atual Kampuchea. Isto não foi levado em conta em toda a imprensa ocidental.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Presidente Gonzalo: discurso do cárcere



Camaradas do Partido Comunista do Peru!

Combatentes do Exército Guerrilheiro Popular!

Povo peruano!                                 

Vivemos momentos históricos, cada um sabe que é assim, não nos enganemos. Devemos nestes momentos tencionar todas as forças para enfrentar as dificuldades e seguir cumprindo com nossas tarefas. E conquistar as metas! Os êxitos! A vitória! Isso é que se deve fazer.
Nós estamos aqui como filhos do povo e estamos combatendo nestas trincheiras, que são também trincheiras de combate e o fazemos porque somos comunistas! Porque nós defendemos aqui os interesses do povo, os princípios do Partido, a Guerra Popular. Isso é o que fazemos, estamos fazendo e continuaremos fazendo!

Nós estamos aqui nestas circunstâncias; uns pensam que é uma grande derrota. Sonham! Dizemos que continuem sonhando. É simplesmente um revés, nada mais! Um revés no caminho! O caminho é longo e com este chegaremos, e, triunfaremos! Vocês verão! Vocês verão!
Nós devemos prosseguir as tarefas estabelecidas pelo III Pleno do Comitê Central. Um glorioso pleno! Saibam que já estão em marcha estes acordos e isso vai prosseguir; seguiremos aplicando o IV Plano de Desenvolvimento Estratégico da Guerra Popular para Conquistar o Poder, seguiremos desenvolvendo o VI Plano Militar para Construir a Conquista do Poder, e isso há de prosseguir. Isso é tarefa! Faremos isso, pelo que somos! E pela obrigação que temos com o proletariado e o povo!

Nós dizemos claramente que o caminho democrático hoje em dia começou a se desenvolver como um caminho de libertação, como um caminho popular de libertação! Essa é a circunstância que estamos desenvolvendo; devemos pensar com muito sentido histórico, deixemos de seguir fechando os olhos. Vejamos a realidade, vejamos a história do Peru. Vejamos os três últimos séculos do Peru. Isso devemos pensar, vejam o século XVIII, vejam o século XIX, vejam o século XX; e entendam! Os que não entendem estão cegos e os cegos não servem ao país, não servem ao Peru! Pensemos no século XVIII, foi uma lição bem clara. Pense nisto, havia um dominador, era a Espanha e essa dominação que sugava o sangue, aonde nos levou? Para uma profundíssima crise, como consequência disso, o Peru, foi dividido. Daí vem começo da atual Bolívia. Não é questão nossa senão fatos. Pois bem, século passado, dominação inglesa, aonde levou sua contenda com a França? A outra grande crise: década de setenta do século passado; consequência: guerra com o Chile, não esquecemos! E o que aconteceu? Perdemos território.

Século XX como estamos? Neste século XX há um imperialismo que nos domina, principalmente o norte-americano, isto é real, todos sabem. E aonde nos trouxe? Já sem recordar aqueles anos vinte, aqui e agora, na pior crise de toda a história do povo peruano. Tomando a lição de séculos anteriores, que coisa se pode pensar? Outra vez a nação está em risco, outra vez a república está em risco, outra vez o território está em risco, pode ser perdido facilmente, e por interesses. Essa é a situação, nos levaram a isso, porém, temos um fato, uma revolução peruana, uma guerra popular, e segue e seguirá avançando. Aonde temos chegado com isso? A um Equilíbrio Estratégico. E isso se deve entender bem. É Equilíbrio Estratégico! Que se concretiza em uma situação essencial; doze anos serviram para quê? Para mostrar anatomicamente perante o mundo e principalmente perante o povo peruano que o Estado peruano, é um tigre de papel, que está completamente podre, e isso foi demonstrado!

Assim, as coisas, pensemos no perigo, de que a nação, o país pode ser dividido, que a nação, o país pode ser dividido, que nação está em risco, querem despedaçá-la, querem dividi-la. Quem quer fazer isso? Como sempre, o imperialismo, os que exploram, os que mandam. E o que devemos fazer agora? O que corresponde agora? Pois bem, corresponde que potenciemos o Movimento Popular de Libertação, e desenvolveremos isso manejando na guerra popular porque o povo, sempre o povo foi quem defendeu a pátria, quem defendeu a nação.
Corresponde formar a Frente Popular de Libertação, corresponde formar e desenvolver a partir do Exército Guerrilheiro Popular, um Exército Popular de Libertação, é isso o que corresponde! E nós faremos isso! E estamos fazendo isso e vamos fazer isso! Vocês serão testemunhas senhores. Finalmente agora escutemos isto, como vemos no mundo, o maoísmo marcha incontrolavelmente a comandar a nova onda da revolução proletária mundial. Entendam bem e compreendam! Os que possuem ouvidos usem-nos, os que têm entendimento e todos nós temos, usem-nos. Basta de idiotices, basta de obscuridades! Entendamos isto! O que se desenvolve no mundo? O que necesitamos? Necessitamos que o maoísmo seja encarnado e está sendo feito e passe gerar Partido Comunistas, a manejar, dirigir, essa nova grande onda da revolução proletária mundial que está vindo.

Tudo o que disseram, o palavreado vazio e estúpido da famosa “nova etapa de paz” em que acabou? Cadê a Iugoslávia? Cadê os outros lugares? Tudo se politizou; isso é mentira. Hoje em dia a realidade é uma, os mesmos competidores da I e II Guerra Mundiais, estão gerando, estão preparando a III nova guerra mundial. Isso devemos saber e nós como filhos de um país oprimido somos parte do butim. Não podemos consentir! Basta de exploração imperialista! Devemos acabar com eles! Somos do terceiro mundo e o terceiro mundo é a base da revolução proletária mundial, com uma condição, que os Partidos Comunistas desenvolvam e dirijam. Isso é o que se deve fazer!
Nós pensamos o seguinte; no próximo ano se cumprem 100 anos do nascimento do Presidente Mao. Deve-se celebrar os 100 anos! E o estamos organizando com os Partidos Comunistas. Queremos uma maneira nova, uma celebração que seja a compreensão consciente da importância do Presidente Mao na revolução mundial, e começaremos este ano a celebração e a arremataremos em breve; será um grandioso processo de celebração, quero aqui aproveitar, para saudar ao proletariado internacional, as nações oprimidas da terra, ao Movimento Revolucionário Internacionalista.

VIVA O PARTIDO COMUNISTA DO PERU!

A GUERRA POPULAR VENCERÁ INEVITAVELMENTE!

SAUDAMOS DESDE AQUI AO FUTURO NASCIMENTO DA REPÚBLICA POPULAR DO PERU!

Dizemos: GLÓRIA AO MARXISMO-LENINISMO-MAOÍSMO!

E dizemos finalmente, HONRA E GLÓRIA AO POVO PERUANO!

24 de setembro de 1992